O filósofo Aristóteles lecionava que a arte se tratava de um método utilizado para vencer os empecilhos que, sozinha, a natureza teria dificuldades para superar. Para o filósofo, a arte imita a vida.
Mas, na realidade, na prática, a vida tem mais imitado a arte que o contrário. Os roteiristas e diretores se utilizam, geralmente, dos ideais da cultura humana, das utopias e anseios da população para criar os personagens e as histórias de sucesso.
Roteiros contam as histórias de heróis, de pessoas de bravo destemor, fortes o bastante para enfrentar qualquer dificuldade e adversário, em nome da proteção das suas convicções e da coletividade.
A Marvel Studios, produtora de filmes e séries que cria personagens para o imaginário infantil e adolescente, por exemplo, tem um dos seus produtos o filme/série “O Justiceiro”, um bravo homem que perdeu a sua família e, desde então, luta em defesa da sua comunidade e, em nome disso, não há limites para vencer.
Novamente, a vida tem se inspirado na arte. Novos heróis, impulsivos, destemidos surgem para defender a sua classe. Grupos de cidadãos em defesa da probidade, contra a corrupção. Em outros casos, em nome da família, da honra e da pátria. Mas, há aqueles que se revestem de justiceiros para defender as instituições ou em defesa do Estado Democrático de Direito.
No palco da vida, a assistência sem limites de qualquer ideologia, dogma ou doutrina pode transformar homens e autoridades em justiceiros, nada mais que agentes desobedientes do ordenamento.
A solução não está nos Justiceiros, independentemente do momento, teses ou crenças. A temperança deve prevalecer nesses momentos de instabilidade institucional e acirramento político. Afinal, o que é Democracia?
Por: Antonio Ribeiro Júnior – Advogado, especialista em Direito Eleitoral.