Estudo da Fundação Oswaldo Cruz, em Pernambuco – Fiocruz aponta que, terminais de ônibus apresentam maior risco de contaminação pelo novo coronavírus. Segundo a Fundação, 48,7% das amostras com resultados positivos dentro do estudo foram coletadas em terminais de ônibus, no Recife. Em segundo lugar, ficaram os arredores dos hospitais com 26,8%.
A pesquisa coletou em diversos pontos do Recife um total de 400 amostras de superfícies muito tocadas por diferentes usuários como maçanetas, torneiras, vasos sanitários, interruptores de luz, leitores de biometria, catracas e corrimão de escadas.
Os lugares foram selecionados pelos pesquisadores a partir de duas condições: grande fluxo e alta concentração de pessoas. Os índices corroboram com o senso popular que indica ônibus e terminais como grandes vetores de contaminação.
Em seguida, os locais foram organizados em seis grupos: terminais de passageiros, unidades de saúde, parques públicos, mercados públicos, áreas de praia e centro de distribuição de alimentos. As amostras foram submetidas ao exame padrão ouro para detecção do novo coronavírus, o RT-PCR.
O vírus foi encontrado predominantemente em banheiros, terminais de autoatendimento, corrimões, playgrounds e equipamentos de ginástica ao ar livre. Do total das 400 amostras obtidas pelos pesquisadores – foi confirmada a presença do Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19, em 97, o correspondente a 24%.
Quase metade das amostras positivas foram recolhidas em terminais integrados de ônibus (47 amostras positivas ou 48,7%), onde as superfícies com maior índice de contaminação foram os terminais de autoatendimento e os corrimões.
O pesquisador da Fiocruz-PE e coordenador do estudo, Lindomar Pena ressalva que, não foi detectado vírus ativo nos exames. “Porém em algum momento, ele esteve ativo naquele local, o que demonstra serem ambientes onde há mais gente infectada circulando“, explica.
As áreas próximas às unidades de saúde ficaram em segundo lugar, com 26,8% das amostras positivas. Seguidas dos parques públicos (14,4%), mercados públicos (4,1%), praias (4,1%) e outros lugares (2,2%).
PESQUISA
As coletas utilizaram ferramentas de georeferenciamento para situar os locais com exatidão. Outro aspecto contemplado pelos estudiosos foi a classificação das superfícies pelo tipo de material. O vírus foi encontrado com maior frequência em superfícies metálicas (46,3%) e plásticas (18,5%).
“Tomados em conjunto, os resultados indicaram contaminação extensa por Sars-CoV-2 em superfícies públicas, sugerindo a circulação de pessoas infectadas nessas áreas e um risco potencial de infecção. Os resultados podem ajudar as autoridades de saúde pública a priorizarem recursos e estabelecerem políticas eficazes para conter a transmissão comunitária do Sars-CoV-2 nos pontos de controle críticos da Covid-19 identificados no estudo”, complementa Lindomar.
O doutorando em Biociências e Biotecnologia em Saúde (BBS) na Fiocruz PE e autor principal do artigo, Severino Jefferson Ribeiro, ressalta a importância dos achados da pesquisa. “Além desses resultados servirem como subsídio para as autoridades de saúde, este trabalho permitiu observar que a população não está seguindo rigorosamente as medidas voltadas para prevenir a transmissão do vírus”
“E, infelizmente, isso acaba refletindo no que estamos vivendo atualmente com o aumento descontrolado do número de casos de Covid-19 no Estado”, destaca Jefferson.
Além dele, outros dois pós-doutorandos, cinco doutorandos e duas mestrandas da instituição participam da pesquisa, que conta ainda com a participação do pesquisador da Universidade de Glasgow (Escócia) Alain Kohl. O artigo com os resultados encontra-se em Preprint, para revisão de pares, na plataforma Medrxiv.