GOVERNADORES DO NE CRITICAM DECLARAÇÕES DE ZEMA E DEFENDEM UNIÃO NACIONAL

Governadores que representam os nove estados do Nordeste criticaram as declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), neste fim de semana, na qual o gestor defende uma frente Sul-Sudeste contra o Norte e o Nordeste brasileiros.

Os governadores consideraram a entrevista separatista e, por isso, defendem uma união nacional. O posicionamento veio numa nota oficial do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste), divulgada neste domingo (06). Informações são do Jornal do Commercio.

Na entrevista, o chefe do Executivo mineiro voltou a defender o protagonismo político para as Regiões Sul e Sudeste. “Sempre vamos estar em desvantagem”, disse o chefe do Executivo mineiro ao mencionar que o grupo tem apenas sete das 27 unidades federativas.

Lembrando que o slogan do Consórcio Nordeste é “o Brasil que cresce unido, negando qualquer tipo de lampejo separatista”, os governadores regionais defendem “um Brasil, democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução”.

Destacam, ainda, que a entrevista de Zema “parece aprofundar a lógica de um País subalterno, dividido e desigual”. E seguem afirmando que o governador mineiro demonstra “uma leitura preocupante do Brasil que, ao defender o separatismo do Sul e Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e Nordeste, sabidamente regiões que vêm sendo penalizadas, ao longo das últimas décadas, dos projetos nacionais de desenvolvimento”.

A nota é assinada pelo atual presidente do Consórcio Nordeste, o governador da Paraíba, João Azevedo (PSB). “É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento”, declarou João Azevêdo.

Em junho, durante encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), em Belo Horizonte, Zema teve que se retratar depois de dizer que estes estados concentram mais trabalhadores que no restante do Brasil.

RAQUEL LYRA SE POSICIONA NAS REDES SOCIAIS

Foto- Secom

Além de integrar a nota do Consórcio Nordeste, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), foi às redes sociais para criticar a fala de Zema e lembrar que o Nordeste deve, sim, receber atenção do País para compensar os históricos descaso e indiferença.

“O Nordeste é parte da solução do País e deve receber atenção nas discussões federativas por tanto tempo de descaso e indiferença. Nossos pleitos não vão além do que é justo diante de uma construção histórica tão conhecida. Não construiremos o Brasil que sonhamos c/ + desigualdade”, afirmou a Governadora no Twitter.

ÍNTEGRA DA NOTA OFICIAL DO CONSÓRCIO NE

“O governador de Minas Gerais, em entrevista publicada no jornal O Estado de São Paulo em 05 de agosto, demonstra uma leitura preocupante do Brasil. Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento.

O Consórcio Nordeste, assim como o da Amazônia Legal, valendo-se da profunda identidade regional, cultural e histórica, foram criados com o objetivo de fortalecer essas regiões, unindo os estados em torno da cooperação e compartilhamento de melhores práticas e soluções de problemas comuns, buscando contribuir com o desenvolvimento sustentável e a mitigação de nossas desigualdades regionais.

Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de “O Brasil que cresce unido”. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual.

Já passou da hora de o Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais.

É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento.

Nesse contexto, indicar uma guerra entre regiões significa não apenas não compreender as desigualdades de um país de proporções continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las, mantendo, com isso, a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades.

A união dos estados do Sul e Sudeste num Consórcio interfederativo pode representar um avanço na consolidação de um novo arranjo federativo no país. Esse avanço, porém, só vai se dar na medida em que todos apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades, aposta na sustentabilidade e acredita no seu povo.

Assim, nós, governadoras e governadores da Região Nordeste, além de defendermos um Brasil cada vez mais forte e próspero, apelamos pela união nacional em torno da reconstituição de áreas estratégicas para o nosso país, a exemplo da economia, segurança pública, educação, saúde e infraestrutura. Nordeste do Brasil, 06 de agosto de 2023”.

Foto- Divulgação

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