O BNDES vai operar com restrições e privilegiar recursos para o programa de concessões, visto como pivô da retomada planejada pela equipe econômica. A orientação foi dada pelo ministro Paulo Guedes (Economia). Assessores e técnicos afirmam que, embora não haja limites definidos, o Banco prevê atravessar a crise do coronavírus com menos de 30% de seu funding – recursos próprios para empréstimos – comprometido com operações emergenciais.
O restante será destinado às operações de financiamento às concessões. Para Guedes, elas serão chave do crescimento. Esse é um dos motivos para que o socorro setorial (montadoras, companhias aéreas e elétricas, por exemplo) seja aprovado com valores inferiores ao que foi solicitado. As companhias aéreas foram as primeiras a pedir ajuda. Inicialmente, o setor apresentou proposta para linhas de crédito de R$ 8 bilhões, mas o banco só aceitou liberar metade. No setor elétrico, as empresas queriam R$ 25 bilhões, mas deverão receber entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões.
Executivos da instituição afirmam que há “conforto de caixa” para garantir a ajuda emergencial porque, desta vez, o risco está compartilhado por um sindicato da área. Eles destacam ainda que, quando as conversas com o BNDES tiveram início, muitas empresas incluíram no cálculo de suas necessidades valores destinados ao aumento de salário de executivos, dívidas da empresa com o acionista (controlador), distribuição de dividendos e outras obrigações, que, na avaliação do Banco, não se relacionam com a sobrevivência da Companhia. Este foi outro motivo para a redução dos valores aprovados. Para tentar reduzir o impacto causado pelo coronavírus, a prioridade do BNDES será garantir empréstimos de longo prazo para o programa de concessões em infraestrutura.