O oncologista Nelson Teich é o nome escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para comandar o Ministério da Saúde. Carioca e formado em medicina pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), ele chegou a ser cotado para a pasta da Saúde antes da posse de Bolsonaro na Presidência. O oncologista foi consultor de saúde durante a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro e assessorou o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, de setembro de 2019 a janeiro de 2020.
Nelson Teich fundou o Grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas) em 1990. Em 2005, o grupo foi adquirido pela UHG/Amil. Também fundou e é presidente do Instituto COI de Educação e Pesquisa – organização sem fins lucrativos criada em 2009 para fazer pesquisas clínicas e trabalhar com programas de formação nas diversas áreas de tratamento do câncer, como hematologia, oncologia, radioterapia, física da radiação, enfermagem e farmácia.
Teich coordena a parceria com o programa de consultoria MD Anderson, criada com o objetivo ser um centro integral de câncer no Rio de Janeiro. Ele tem mestrado em economia da saúde pela Universidade de York, MBA em saúde pelo Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPEAD) e em gestão e empreendedorismo pela Harvard Business School.
Em um artigo publicado na rede social Linkedin em 3 de abril com o título “COVID-19: Como Conduzir o Sistema de Saúde e o Brasil”, Teich destacou que “estamos vivendo um tempo de guerra e tempos de guerra, apesar de todas as dificuldades e perdas, são períodos onde grandes inovações acontecem, inclusive na saúde”.
O oncologista ponderou sobre isolamento horizontal (para todos) e vertical (apenas para grupos de risco). Disse que “diante da falta de informações detalhadas e completas do comportamento, da morbidade e da letalidade da Covid-19, e com a possibilidade do Sistema de Saúde não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento.
Além do impacto no cuidado dos pacientes, o isolamento horizontal é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país, disse”. Outro tipo de isolamento sugerido é o isolamento vertical”, escreveu. “Essa estratégia também tem fragilidades e não representaria uma solução definitiva para o problema.
Como exemplo, sendo real a informação que a maioria das transmissões acontecem à partir de pessoas sem sintomas, se deixarmos as pessoas com maior risco de morte pela Covid-19 em casa e liberarmos aqueles com menor risco para o trabalho, com o passar do tempo teríamos pessoas assintomáticas transmitindo a doença para as famílias, para as pessoas de alto risco que foram isoladas e ficaram em casa.
Teich defendeu em seu artigo que o isolamento social “deveria ser personalizado. “Um modelo semelhante ao da Coréia do Sul. Essa estratégia demanda um conhecimento maior da extensão da doença na população e uma capacidade de rastrear pessoas infectadas e seus contatos.
Estamos falando aqui, do uso de testes em massa, para Covid-19 e de estratégias de rastreamento e monitorizarão”, algo que poderia ser rapidamente feito com o auxilio das operadoras de telefonia celular. Esse monitoramento provavelmente teria uma grande resistência da sociedade e demandaria definição e aceitação de regras claras de proteção de dados pessoais, lembrou.