Autoridades da área de saúde que estão em estado de alerta, para uma escalada ainda maior de casos do novo coronavírus, ainda têm de se preocupar com registros de alta de doenças já conhecidas, como dengue e influenza. Epidemiologistas e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) afirmam que o País terá de enfrentar ao mesmo tempo “três epidemias” nos próximos meses.
Até 21 de março, o Brasil registrou 441,22 mil casos de dengue, acima dos 273,19 mil, no mesmo período do ano passado. Em 2019 foram anotados 1,54 milhão de casos de dengue. O número só é menor do que o de 2015 – 1,7 milhão.
Apesar de muito menos letal do que a covid-19, a doença tem alta incidência e exige esforços de autoridades de saúde, hoje pressionadas pela pandemia. Ministério da Saúde também alerta para o provável pico simultâneo de casos de influenza, como H1N1, e do Covid-19.
“Teremos coronavírus, que é uma novidade, teremos influenza, que é uma rotina, todo ano acontece, e teremos também o pico de dengue. Aproveitem que estão em casa e limpem o quintal, eliminem focos de dengue e vacinem-se”, disse o secretário nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta informou que já regularizou a distribuição de insumos necessários, como inseticidas, para o controle do Aedes Aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. Também foi adquirido kits de diagnóstico da dengue para todos os estados.
Para Denise Valle, bióloga pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz, os casos de dengue no País flutuam. Nos anos com alta “ há muitos casos graves, penosos, que se estendem por muito tempo”, diz. Até 21 de março foram notificados 12.696 casos. De cada dez criadouros do mosquito, oito estão nas nossas casas”, afirmou a bióloga.
O pico de casos do novo coronavírus deve coincidir com a queda de registros de dengue, doença de maior incidência no verão, afirma Jair Ferreira, professor titular de Epidemiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. As altas da Covid-19 e da Influenza devem coincidir. “Por isso é extremamente importante a vacinação contra a gripe, para evitar que haja mais casos graves.
Ministério da Saúde relata 165 casos e 13 óbitos por influenza, (H1N1), 139 casos e 14 óbitos por influenza B e 16 casos e 2 óbitos por influenza (H3N2). Juntas, elas somaram 320 casos e 29 óbitos. No ano passado, o País registrou 5,8 mil casos e 1.122 óbitos pelos três tipos de influenza, que podem ser evitados com a vacinação.
Em Pernambuco, dados do Ministério da Saúde apontam que os casos de dengue no Estado aumentaram 87%, em comparação ao mesmo período de 2019. Até o final da primeira quinzena de março foram notificados 3.418 casos da doença. A incidência geral é de 36 doentes para cada 100 mil habitantes. A Secretaria de Saúde de Pernambuco diz que nenhum óbito foi registrado este ano.