Dedico este artigo ao meu colega o gênio William Shakespeare: “Há mais mistérios no tutano das tripas e das pesquisas eleitorais do que supõe nossa vã filosofia”
CPX-MONTANHAS DA JAQUEIRA – Como são fabricadas as salsichas e as pesquisas eleitorais? Mistérios do além. Há mais mistérios no recheio das salsichas e das pesquisas eleitorais do que supõe a filosofia do meu colega, o gênio William Shakespeare. Quem desvendar as cavernas dessas entidades ganhará o Prêmio IgNobel de ciências ocultas.
A margem de erro das pesquisas eleitorais é o buraco negro da guerra nas estrelas. Nem microscópios eletrônicos e os telescópios Hubble e James Webb são capazes de viajar nos buracos negros das pesquisas eleitorais e das salsichas. Pesquisas, linguiças e salsichas são farinha do mesmo saco.
O Ibope era uma linguiça eleitoral que mergulhou no buraco negro da margem de erro e virou suco. Mas ele dizem “tô nem aí”, o importante é o tilintar de moedas sonantes. Uma senhora estocadora de ventos orgânicos, caricatura do bode rouco chamada Dilma, cujo sobrenome esqueço, foi eleita senadora de Minas Gerais, segundo as tripas das pesquisas de 2018.
Mas, esqueceram de combinar com as urnas e ela ficou em quarto lugar no Estado. Os institutos profetizaram naquele ano que o poste Radar seria eleito presidente e o capitão malvado perderia no segundo turno para todos os adversários. O poste foi desenergizado e o radar desconectado do sistema.
O limite da margem de erro das salsichas e das linguiças é a dor de barriga ou diarreia. O limite da margem de erro das pesquisas é a falta de credibilidade. Mas antes disso o estrago está feito na cabeça dos eleitores e nas candidaturas e os institutos já lavaram as burras financeiras.
E eles seguem impunes. Algumas pesquisas para presidente se alimentam de salsichas e mortadelas vermelhas. Não tem nada de margem de erro, é margem de manipulação de caso pensado no compasso do tilintar de moedas.
Salsichas e linguiças fazem parte do gênero de alimentos chamados de embutidos. Pesquisas eleitorais também são artigos embutidos. As tripas das pesquisas são preenchidas com recheios misteriosos, benfazejos ou malfazejos. Aí é onde mora o perigo. As tripas gaiteiras das pesquisas espalham maldades. São as margens de erro mal-assombradas.
O fedor nas tripas das pesquisas vem de longe. Em 1985, nas eleições para a prefeitura de São Paulo, um sociólogo chamado Fernando Cardoso foi anunciado na antevéspera como prefeito eleito na disputa com Jânio Quadros. Ancho da vida, FHC sentou-se e foi fotografado na cadeira do prefeito.
Deu chabu. Jânio foi eleito e ao tomar posse desinfetou a cadeira, dizendo que ali sentaram-se “nádegas contaminadas”. Arriba, leitores Magnaneanos, consumidores de salsichas e pesquisas, gregos e troianos!
Por José Adalbertovsky Ribeiro – Periodista e escritor