O Brasil está virando uma grande Itaguaí (RJ), cidade interiorana do conto “O Alienista” de Machado de Assis (1839-1908). De volta à sua cidade natal, o Dr. Simão Bacamarte começou a aplicar seus conhecimentos de psiquiatria para enxergar loucura nos habitantes itaguaienses. Construiu um manicômio e começou a fazer internações depois de diagnósticos monocráticos.
A situação chegou a tal ponto que deixou a população alarmada. Os critérios para a reclusão dos supostos loucos eram econômicos e principalmente políticos, a ponto de provocar a revolta das autoridades constituídas. As reações foram inócuas e crescia o número de internados por loucura ou dissidência.
Quando 75% da população de Itaguaí estava internada, o alienista percebeu que sua teoria estava errada e libertou todos os internos com a intenção de refazer sua teoria sobre a loucura.
Refez sua tese e novamente deu errado. O Dr. Simão Bacamarte constatou que a maioria apresentava desvios de personalidade e não seguia um padrão, então o louco era quem mantinha regularidade nas ações e possuía firmeza de caráter como ele. Como ninguém tinha uma personalidade perfeita, exceto ele próprio, o alienista conclui ser o único anormal e decide trancar-se sozinho no manicômio para o resto de sua vida.
O conto de Machado de Assis é uma alegoria perfeita com o que se passa com o ministro do STF Alexandre de Moraes nas suas investidas inconstitucionais, reconhecidas por juristas de primeira linha, contra o deputado federal Daniel Silveira ou qualquer outro político, jornalista ou pensador que tenha simpatia pelo presidente Bolsonaro ou seja da direita.
O deputado que ele levou à condenação no STF por 8 anos e 9 meses por atacar verbalmente a corte suprema e seus ministros, é apenas uma figura próxima em que ele pode exercer seu poder autoritário, uma vez que para chegar ao chefe do Executivo o caminho é mais longo e complicado.
Como o Dr. Simão Bacamarte ele não descansa enquanto não enquadrar os simpatizantes do presidente. Seja por impeachment ou cassação de mandatos. No “manicômio” de Moraes sempre cabe mais um bolsonarista ou direitista.
Muita gente se pergunta por que esta obsessão em massacrar tudo e todos ligados ao presidente que pode levar a um impasse institucional? Não se tem resposta clara a isto. Mas há quem veja como um desvio psicológico. Moraes se tornou uma vítima da “síndrome de stalker”, um perseguidor obsessivo.
Que poderia ser definido, segundo psiquiatras, como “um comportamento anômalo e extravagante, causado por vários distúrbios psicológicos (narcisismo patológico, pensamentos obsessivos etc), nutridos por mecanismos inconscientes como raiva, agressividade, solidão e inaptidão social, podendo ser classificado como patologia do apego”.
O que se sabe é que existe uma tendência dos perseguidores de terem transtornos de personalidade como o antissocial e borderline, e comportamentos específicos de acordo com a situação como agressividade, necessidade de controle e de vingança, obsessão e medo de abandono.
Se esse é o diagnóstico médico, o olhar político é bem diferente para este portador específico da “síndrome de stalker”: ele pode ser um provocador de reações impensáveis para os brasileiros, gerando uma situação muito grave para o País, aliado a uma imprensa hostil ao presidente e uma esquerda ressentida pela perda do poder e das verbas públicas.
Para o mero perseguidor de pessoas existe hoje a lei 14.132/2021 que pune stalkers ousados. Mas para esse tipo de pessoa com toga poderosa, o Senado poderia dar um jeito antes de uma catástrofe. Mas a liderança covarde da Casa Alta prefere ficar longe dessa questão. Se o circo pegar fogo, queima todos, não percebem os senadores.
Por isso a sugestão ao stalker togado, diante dos equívocos da sua tese, é se trancar no “manicômio” para o resto da vida. A Nação ia agradecer. É isso.
Por: Antonio Magalhães – Jornalista