Em discussão na Câmara dos Deputados, a extinção da jornada de trabalho 6×1 (ou seja, de seis dias de trabalho para um de folga) vem gerando debates nos mais variados fóruns, desde aqueles que debatem questões administrativas e contábeis até os de socialização e saúde mental.
Para o consultor de empresas e conferencista Stephen Kanitz, o fim impositivo da jornada 6×1 traria uma série de malefícios para a economia brasileira e para os próprios trabalhadores. O primeiro reflexo, diz Kanitz, seria uma diminuição do salário. “Os trabalhadores inevitavelmente receberão menos, já que agora trabalharão menos. A curto prazo, isso pode não ser evidente, mas a longo prazo os salários diminuirão.”
Além disso, segundo o consultor, a maioria dos trabalhadores afetados acabaria buscando trabalhos extras nos outros dias livres, caso houvesse a obrigatoriedade de uma jornada 4×3, por exemplo. “Provavelmente 70% deles seguiriam esse caminho, mas em atividades de produtividade muito menor do que sua ocupação principal – como pintores improvisados, quando, na verdade, são torneiros mecânicos”, diz.
Por fim, explica Kanitz, as empresas teriam de contratar um novo turno no formato 2×5, já que as máquinas não podem ficar paradas. “Com isso, seriam dobrados os custos com recursos humanos, treinamento e gestão, o que acarretaria aumento no preço final dos produtos, prejudicando o consumidor”, ressalta.
Para Kanitz, o cerne da discussão está em uma concepção paternalista da esquerda brasileira que pensa que sabe mais sobre o trabalhador brasileiro que ele próprio. “Os trabalhadores não precisam mais da tutela do Estado para decidir qual regime de trabalho consideram mais adequado.
“Nós somos suficientemente maduros para saber o que queremos. Uma mudança nacional para uma jornada de trabalho 4×3 é mais uma forma de autoritarismo da esquerda”, finalizou.
Por: Stephen Kanitz – Consultor de Empresas