Dos 37 ministros que vão integrar o futuro governo há um totral de 12 nomes que já foram alvos de processo, investigação ou condenação judicial. Já entre os 16 nomes anunciados nesta quinta-feira (29), pelo presidente eleito Lula (PT), quato estão nas mesmas condições.
Entre os últimos nomes divulgados está o governador do Amapá, Waldez Goés (PDT), futuro ministro do Desenvolvimento Regional. Goés foi preso em 2010, na Operação Mãos Limpas, deflagrada pela Polícia Federal, e chegou a ser condenado a seis anos e nove meses de prisão em regime semiaberto.
Ele e outras 17 pessoas foram acusadas de integrarem um esquema que desviava dinheiro do Estado e da União. Na época, a defesa do governador alegou que não houve desvio de recursos públicos e que outros acusados no processo foram absolvidos das mesmas acusações. A ação foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021.
Outro futuro ministro que já foi alvo de investigação é Carlos Fávaro (PSD-MT). Em 2020, o Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF-MT) abriu investigação contra o senador por suspeita de prática de caixa 2 nas eleições de 2018. Segundo a investigação, o deputado omitiu notas promissórias emitidas por uma gráfica nos valores de R$ 405.508,00 e R$ 60.312,00.
O R7 procurou a assessoria dos futuros ministros para comentarem as acusações. O espaço segue aberto para manifestações.
Carlos Lupi (Previdência): investigado por improbidade administrativa em processo que tramita na 6ª Vara da Justiça Federal em Brasília, foi acusado por ter usado o avião de uma ONG enquanto era ministro do Trabalho do governo Lula, em 2009. Ele também é investigado em um inquérito que apura os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e caixa 2 eleitoral por suposta venda de apoio político para a campanha eleitoral de Dilma Rousseff em 2014.
• Simone Tebet (Planejamento e Orçamento): foi alvo de investigação por crime de responsabilidade em dois inquéritos referentes a supostas fraudes em licitações em Três Lagoas (MS), município onde foi prefeita entre 2005 e 2010. Um dos processos foi arquivado no Supremo Tribunal Federal (STF), o outro aguarda o reconhecimento da prescrição.
O senador justificou que na época o valor apontado como parte de um caixa 2 não foram ocultados da Justiça Eleitoral e que o dinheiro foi declarado após a quitação e emissão das notas fiscais. O caso acabou arquivado em fevereiro de 2022.
• Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública): foi alvo de inquérito da PGR por suspeita de ilegalidades em um contrato de fornecimento de combustível para o helicóptero da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão. Em 2020, a investigação foi arquivada pelo STJ. À época, ele reclamou do uso indevido de procedimentos judiciais e policiais para fins políticos por parte da PGR (Procuradoria-Geral da República).
• Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação): em 2019, foi condenada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco por improbidade administrativa pela contratação para gerenciar a iluminação pública da cidade. À época, a defesa dela disse que não houve prejuízo ao patrimônio público municipal e que a sentença da Justiça reconheceu que Luciana não recebeu nem desviou dinheiro público.
• Jorge Messias (Advocacia-Geral da União): ficou conhecido como “Bessias” por ter tido o nome citado na interceptação de uma conversa entre Lula e Dilma em 2016. Ele seria o responsável por entregar o termo de posse como ministro ao ex-presidente. A intenção seria deixar Lula com foro privilegiado. Ele não se manifestou.
• Márcio França (Portos e Aeroportos): investigado em inquérito de desvios na Saúde. Foi alvo de operação da Polícia Civil em janeiro deste ano. Em sua defesa, ele disse que a operação era política, e não policial, e afirmou não ter nenhuma relação comercial nem advocatícia com as pessoas jurídicas e físicas envolvidas na investigação.
• Luiz Marinho (Trabalho e Emprego): foi condenado neste ano pela 8ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, junto com o ex-prefeito de Santo André Carlos Grana, por nepotismo cruzado. A ação foi movida pelo Ministério Público de São Paulo, com o argumento de que foram dados cargos de confiança à filha de Grana em São Bernardo do Campo, onde Marinho foi prefeito, e à cunhada de Marinho em Santo André. Os dois foram condenados ao pagamento de multa equivalente a seis vezes a última remuneração.
• Wellington Dias (Desenvolvimento Social, Assistência, Família e Combate à Fome): foi alvo de uma operação da Polícia Federal em 2020 que investigou os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações na Secretaria da Educação do Piauí, estado do qual foi governador. À época, ele classificou a operação como “ridícula” e “mais um espetáculo em nome de investigação”.
• Camilo Santana (Educação): em 2011, quando era secretário das Cidades do Ceará, teve o nome envolvido no escândalo dos banheiros, esquema no qual a secretaria teria desviado milhões de reais que seriam utilizados na construção de sanitários populares. Santana se defendeu à época e disse que os contratos foram assinados antes que ele tivesse assumido o posto.
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