VEREADORES CRIAM FRENTE PARLAMENTAR PELA RECUPERAÇÃO DO CENTRO DO RECIFE

Foto: Fabson Gabriel/DP

Frente Parlamentar pelo Centro do Recife, da Câmara Municipal, foi instalada em reunião remota realizada na tarde da última segunda-feira. O primeiro ato foi a nomeação dos coordenadores, sendo escolhida a vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), eleita presidente do colegiado e o vereador Marco Aurélio Filho (PRTB), como vice-presidente. Uma palestra do consultor em gestão empresarial e de cidades, na área estratégica, Francisco Cunha, foi um dos destaques do evento.

“O que queremos dessa frente não é inventar a roda, mas juntar as diversas informações e saberes, para resgatar as vocações do centro e finalizar os trabalhos com um relatório que será apresentado ao poder público municipal. Finalmente, queremos discutir soluções”, disse Cida Pedrosa.

Além dela e de Marco Aurélio, são membros da frente os vereadores, Luiz Eustáquio (PSB); Zé Neto (PROS); Dani Portela (PSOL; Rinaldo Júnior (PSB); Alcides Cardoso (DEM); Liana Cirne (PT) e Michelle Collins (PP).

A Frente Parlamentar pelo Centro do Recife foi originada a partir do projeto de resolução número 2774, de 22/04/2021; e foi aprovada em 29/06/2021, tendo sido publicada no Diário Oficial do Recife em 08/07/2021. Cida Pedrosa lembrou que a Região Central do Recife constitui-se por bairros com características bem distintas, desde a delimitação territorial, à rede de infraestrutura urbana, à densidade populacional e à oferta de serviços.

“O Centro do Recife não tem só uma vocação, é moradia, mas também é comercial e cultural. Nós nos propomos a discutir patrimônio, moradia, a questão do desenvolvimento econômico do centro e por fim, a gestão”, disse a vereadora”.

A instalação da frente contou com a participação de diversos arquitetos, urbanistas, pessoas da área de turismo, militantes das políticas urbanas, além da presença de secretários municipais, como a secretária da Mulher, Glauce Medeiros; de Cultura, Ricardo Mello e de Transformação Digital, Rafael Figueiredo.

De acordo com a Cida Pedrosa o processo de decadência de alguns bairros do centro vem sendo temas de preocupação das gestões municipais.

“No final dos anos 80, houve a implantação do Escritório de Revitalização do Centro, uma equipe multidisciplinar das várias instâncias do poder público, liderada pela Prefeitura do Recife. O escritório implementou um conjunto de ações para a melhoria da rede de infraestrutura em trechos dos bairros de Santo Antônio e da Boa Vista muito bem acolhida pela população”, disse.

A partir dessa experiência, o município implantou o Escritório de Revitalização do Bairro do Recife – ERBR em 1989.  “A partir deste escritório, foi possível traçar as estratégias para implementá-lo. Destacam-se aí várias ações que possibilitaram alavancar o processo de revitalização do Bairro do Recife”.

Cida Pedrosa também disse que a participação do Governo do Estado foi decisiva, nesse processo, cujo plano de revitalização, dentre outros propósitos, voltou-se à transformação do Bairro do Recife, num novo centro de atração turística nacional e internacional, o que possibilitou a captação de recursos, junto ao BID, através do Programa de Desenvolvimento do Turismo – Prodetur.

 “Nos anos 2000, a partir da implantação do Porto Digital, novas frentes foram abertas, o que veio consolidar o processo de Revitalização do Bairro do Recife”.

Ao lembrar desses esforços, a Vereadora disse que  a criação da Frente pelo Centro do Recife, representa agora “uma iniciativa de extrema relevância para a cidade do Recife, de modo a contribuir,  nas discussões e reflexões que reflitam em políticas públicas que visem atender às diversas demandas para a vitalidade do centro em todo o seu potencial”.

O vereador Marco Aurélio Filho ressaltou a importância da criação e instalação da frente para a cidade. “Falar do Recife é praticamente falar do seu centro, do comércio que ele abriga, e do Recife Antigo. Essa frente vai se preocupar com tudo isso”, disse.

O Parlamentar lembrou que, através do seu mandato, já foram feitas várias audiências públicas para debater pontos desse mesmo tema. “Agora, vamos unir esforços com os demais vereadores neste sentido para avançar nas políticas públicas que beneficiem essa região e mudarmos a cara do centro”.

O vereador Alcides Cardoso afirmou que, através da frente, os vereadores que a compõem irão fazer o melhor para propor soluções para as áreas abandonadas do Recife. “É uma honra participar desta frente, pois vamos debater novos formatos, usos urbanísticos, alternativas para o comércio e turismo”.

É essencial discutir soluções para que o centro volte a ter vida”. Ele também sublinhou que o centro do Recife tem um dos maiores parques digitais do mundo, com mais de 300 empresas e 11 mil funcionários. “Esse complexo necessita de projetos”.

O vereador Zé Neto, que também é presidente da Comissão de Obras Públicas, disse que pretende contribuir para que a frente promova debate amplo. “Acredito que o propósito de unir esforço, para implementar ações e buscar soluções, vai garantir a viabilidade de projetos”

Além de quatro audiências públicas que já estão agendadas para debater temas correlatos ao centro do Recife, o vereador afirmou que, como contribuição, Vai propor três palestras. “Uma delas é sobre o patrimônio histórico do centro do Recife, com o historiador José Luiz da Mota Menezes; a importância do Porto Digital, com o ex-secretário Claudio Marinho e o tema Cidades Inteligentes, com o professor Sílvio Meira”

A vereadora Michele Collins, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara do Recife, afirmou que a frente pode avançar nas discussões do tema. “O Recife é plural na sua cultura assim como na questão religiosa. Recife é uma cidade ímpar”.

A vereadora afirmou que tem recebido “diversas demandas como presidente da Comissão de Direitos Humanos. Com o olhar da misericórdia de Deus, entendo que todas as pessoas são digna e merecedoras de viver numa cidade maravilhosa. E usar todos os espaços e viver esta cidade”. Ela lembrou que foi a primeira vereadora a receber o Prêmio Amiga do Comércio, pela Fecomércio, e que pretende atuar na frente com esse objetivo.

Após a fala dos vereadores, foi realizada a palestra cujo tema foi: “Centro Recife: presente e futuro pós-pandemia”, pelo consultor em gestão empresarial e de cidades, na área estratégica, Francisco Cunha. Ele é  graduado em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), sócio fundador da TGI Consultoria e do INTG e consultor da Câmara de Dirigentes Lojistas há mais de 20 anos.

Militante do Observatório do Recife e do Movimento Olhe Pelo Recife – Cidadania a Pé, Francisco Cunha editou mais de 40 livros e foi coautor de 12 publicações sobre gestão estratégica. Também escreveu guias históricos-turísticos das cidades do Recife e Olinda e é autor de um livro de fotos do Recife, entre outras publicações de sua autoria. 

Francisco Cunha disse que há um estudo do Instituto Pelópidas, que baseia as ações da Prefeitura do Recife, dando conta de que há uma parte decadente do chamado centro profundo (delimitado pelos bairros de Santo Antônio, São José e parte da Boa Vista). E também há uma parte esquecida do centro, disse, considerada os bairros de Joana Bezerra, Coque e Cabanga.

“Há um ciclo de esquecimento em curso em alguns pontos do centro do Recife. Uma descaracterização impressionante, com depredações. E uma degradação acelerada e acentuada, de difícil recuperação”, disse.

Na parte central, afirmou, há um verdadeiro quebra cabeça histórico. “Nenhum órgão poderá fazer, sozinho, a recuperação do centro. Serão precisos esforços conjuntos. Só a reinvenção da vocação econômica poderá recuperar esses lugares”, disse.

Para Francisco Cunha, o esforço de salvação do Centro do Recife tem que ser feito em conjunto: Executivo, Legislativo e a sociedade civil.

“Tem que haver uma governança ancorada num conselho consultivo e unidade de gestão, para coordenar os horizontes de curto e longo prazos. É preciso se criar estancia de gestão territorial e mobilizar um plano de desenvolvimento de longo prazo”.

O conselho consultivo e a unidade de gestão iriam cuidar, entre outras coisas, da zeladoria, corredor de comércio e coordenar um Plano Diretor do Centro do Recife.

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