Câmara Municipal do Recife realizou audiência pública na tarde desta quinta-feira (15), via videoconferência, para tratar da “situação do setor de entretenimento, neste período de pandemia e a busca de soluções para estas atividades”. A iniciativa foi do vereador Marco Aurélio Filho (PRTB). “O Poder Legislativo está ao lado dessa parcela de profissionais e vamos lutar para que os artistas sejam reconhecidos”.
Como resultado do encontro, uma reunião foi agendada entre o Parlamentar e um grupo de representantes do setor com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, para esta sexta-feira (16), às 11h. Os vereadores Felipe Alecrim (PSC), Alcides Cardoso (DEM), Ana Lúcia (Republicanos) e o presidente da Casa de José Mariano, vereador Romerinho Jatobá (PSB), acompanharam todo o debate, prestaram solidariedade ao setor e colocaram-se à disposição dos profissionais.
A artista Bia Villa-Chan disse que era impossível não reconhecer as dificuldades do momento que o país vem enfrentando. Ela ressaltou que “não era favorável à volta de grandes eventos, mas uma retomada gradual poderia ser feita. Tem uma gama de artistas que tem o privilégio de se manter e manter equipes, mas isso é uma exceção. Vamos devolver a dignidade para esse povo e que todos e todas sejam beneficiados. A classe pede socorro”.
O vice-presidente do Galo da Madrugada, Rodrigo Menezes, lembrou que, o setor de eventos foi o mais prejudicado e que sente a ausência de políticas de protocolos que atendam a essa parcela de trabalhadores. Ele também pontuou as necessidades dos artistas. “Fiquei impressionado com a quantidade de artistas que chegaram sem carro às gravações de um especial do Galo com renda revertida aos artistas, músicos e profissionais. Eles tiveram que se desfazer dos seus próprios veículos para se manter”.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco (ABIH-PE), Eduardo Cavalcanti – explicou que, que os hotéis, bares e restaurantes têm interesse em retomar as contratações dos músicos e que é preciso um apoio por parte dos governos estadual e municipal. “Poderia organizar um show de uma banda ou artista que geralmente se apresenta no Carnaval ou outra festa de destaque do Recife e fazer o pagamento antecipado. Já ajudaria muitas pessoas”.
Fabiana Santos, do setor de profissionais de eventos, exibiu slides demonstrando as dificuldades que o setor vem enfrentando e apresentou pleitos da categoria. “É necessária a equiparação das casas de eventos aos bares e restaurantes do Recife, além da criação de uma Comissão especial para eventos com participação do setor”. Ana Paula Góes, também do setor de eventos, lamentou as consequências da pandemia. “É desumana a situação. Muitas pessoas estão passando necessidade. São muitos os pedidos de cestas básicas, infelizmente”.
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco – Fecomércio-PE Bernardo Peixoto informou que o setor de eventos representa 4% do PIB, lamentou a situação atual e citou ações da Federação. “Foi o primeiro setor a entrar nas restrições e será o último a sair. Imaginem uma pessoa sem salário durante um ano e um mês. A Fecomércio fará um trabalho que envolverá 1500 profissionais do comércio e serviços com a DRT para ajudar as empresas a suspender os contratos sem prejuízos de salário. A partir de maio credenciaremos as empresas”.
O presidente da Câmara do Recife, vereador Romerinho Jatobá, afirmou que o setor está muito prejudicado e que vem tentado buscar soluções para a volta das atividades. “Tivemos encontros com a Casa Civil de Pernambuco e coloco a Câmara Municipal do Recife à disposição de vocês. Que os artistas voltem a ter a sua fonte de renda, pois estão muito sacrificados e parabenizo o vereador Marco Aurélio Filho pela iniciativa da audiência pública”’.
A artista Palas Pinho confessou que a situação chegou ao limite e disse que o auxílio Aldir Blanc não chegou para todos os músicos. “Nem a metade teve acesso a esse auxílio. Fiz uma campanha chamada Socorro Musical que tem levado cestas básicas aos profissionais de eventos. Fizemos tudo o que era possível e já se passou um ano. Chegamos ao caos total e estamos no limite”.
O produtor de eventos e decorador Romildo Alves declarou que, era triste ver pessoas amigas sofrendo. “Não vou desistir dessa batalha por todos e todas para que possam realmente realizem eventos. Precisamos urgentemente voltar e espero que as autoridades reconheçam isso. Sei que a doença é grave, mas precisamos voltar gradativamente os nossos eventos. É um apelo que faço”.
Tom Rios, presidente do Sindicato dos Músicos de Pernambuco, confessou que as pessoas estão vendendo utensílios de casa para poder sobreviver. Ele também comentou sobre os critérios do auxílio emergencial. “O auxílio deveria ter sido feito pelo sindicato porque conhecemos todos os músicos de Pernambuco. Infelizmente estão ajudando os grandes nomes e os menores, como voz e violão, estão prejudicados”.
O advogado Anderson Flexa disse que muitas sugestões foram apresentadas, mas que não houve até agora atendimento dos pleitos. Ele também considera que o músico mais simples, que não é cadastrado e nem contemplado pelo auxílio, vem sofrendo. “Temos um ano já de pandemia. O músico não tem alternativa porque não há nenhum show”.
O cantor Benil ressaltou que, o poder fomentador precisa disponibilizar a cultura para o povo. “Tem diversas formas de ajuda porque o Recife possui várias ferramentas. Não faltam saídas. Temos os forrozeiros e associações que já enviaram ideias. Que esse problema do setor seja visto com a seriedade necessária e que as pessoas entendam que a cultura não é só aquilo que eu gosto. O auxílio é primordial e já tem um ano essa situação”.
Diretora-executiva da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Abrasel, destacou que a associação tem conhecimentos dos projetos de cultura de sucesso em várias cidades e presta ajuda às prefeituras e governos estaduais. “E estamos agora na luta pela volta da música ao vivo. Prezamos, sim, pela fiscalização e é preciso tirar o estigma da sociedade de que haverá festas irregulares”.
“Todos os pleitos da entidade são publicados aos associados tanto pelo governo estadual quanto para outros municípios pernambucanos”. Disse, ainda, que “40% dos estabelecimentos de Pernambuco já decretaram falência. Não queremos que isso aumente”.
O vereador Marco Aurélio Filho anunciou, como encaminhamento, no final da reunião, que haverá um encontro na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco para tratar a questão, nesta sexta-feira (16). “É esta secretaria que define os protocolos. Quero dizer que são vocês, artistas, que dão a nossa identidade cultural. E o que seria do Recife se não fossem vocês”?