BAIRRO DE ÁGUA FRIA É A IMAGEM DO DESCASO DA POPULAÇÃO COM A COVID-19

Neste período mais crítico da pandemia em todo Brasil, o Bairro de Água Fria, na Zona Norte do Recife, tem se mostrado símbolo de descumprimento das medidas sanitárias para combater a Covid-19. Não foi necessário algum esforço para flagrar, na manhã desta segunda-feira (15), pessoas sem máscara ou utilizando o item de proteção facial no queixo e até mesmo pendurada na orelha.

Reportagem do Diário de Pernambuco diz que, apesar de uma movimentação mais tranquila, pontos de aglomeração também foram observados em espaços públicos como na Feira Nova e no Mercado de Água Fria. Entre o público, muitos idosos mostravam um comportamento arriscado. O comerciante Paulo Ricardo, de 21 anos, que utilizava máscara e se mantinha distante da multidão, se mostrou preocupado com a atitude dos clientes e dos colegas.


“O pessoal está brincando ainda, mas precisamos fazer a nossa parte. Na sexta-feira (12) a fiscalização veio aqui no Mercado, retirou os clientes que não estavam com máscara. Colocou todos para fora do estabelecimento e pediu para outros comerciantes colocarem a máscara também, mas não tem jeito. Tem uma placa bem na entrada do Mercado pedindo para usar o item, mas as pessoas fingem que não viram”, relatou.


Em dados divulgados pela Prefeitura do Recife, até o sábado (13), apenas 45% da população está cumprindo o isolamento social. Já a taxa de ocupação dos leitos na capital pernambucana está em 95%. O bairro de Água Fria, um dos mais afetados pela pandemia, tem um total de 1.355 casos acumulados. Para a administradora do Mercado de Água Fria, Kátia Silva, a situação é desesperadora.


“Eu peço o tempo inteiro para as pessoas colocarem máscara, mas ninguém escuta. Já ameaçaram bater em mim porque eu pedi para se protegerem. A situação aqui no bairro está feia. Eu vejo muitos idosos sem querer se proteger. . Aqui o pessoal só obedece quando a polícia vem e manda sair ou usar a proteção. Fora isso o pessoal vem em cima de mim, eu não posso fazer mais nada. Não vou arriscar sofrer uma agressão. Muitos comerciantes daqui mesmo não seguem as normas”, revelou.


Na Feira Nova, o aposentado Carlos Augusto diz se sentir seguro utilizando máscara, mas afirma que todos devem cumprir as normas de saúde. “Eu me sinto seguro usando a máscara, mas as pessoas aqui não usam. Isso tudo faz parte de uma consciência coletiva. Se a gente não se juntar para combater esse vírus não adianta. As lotações nos ônibus, nas filas, tudo isso tem que ser combatido”, relatou.

“O histórico de aglomeração parte também do comportamento das pessoas. Do ponto de vista epidemiológico é fundamental para aumentar o número do contágio. Não é uma situação setorial. Não dá para culpar as escolas, transporte público ou festas exclusivamente. É um conjunto de tudo isso que nos trouxe até o momento em que estamos agora.  Tem que ter uma cobrança maior de utilização de máscara na rua, nos locais públicos, nos transportes. Isso é muito triste! Vai se pagar um preço mais alto do que já está acontecendo”, afirmou o infectologista Demétrius Montenegro. 

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