JORNALISTA ANTONIO MAGALHÃES: “QUEM TEM MEDO DA LIBERDADE”?

Nélson Rodrigues não era vidente, nem adivinhava o futuro. Mas como o maior dramaturgo brasileiro, escritor e jornalista criou personagens para suas peças e crônicas que continuam assombrando a realidade brasileira.

Um deles, o “Sobrenatural de Almeida”, que ele usava em comentários esportivos, é uma entidade invisível que tem o dom de mudar bruscamente situações que parecem certas e imutáveis. Hoje ele transcende das quatro linhas do campo de futebol para analisar a realidade brasileira.

É o caso da rede social Twitter. Dominada há anos pela esquerda que instalou moderadores ou censores para avaliar postagens, cortando todos os comentários que pudessem afetar seu campo político ou favorecer oposicionistas, foi visitada pelo “Sobrenatural de Almeida” na pele do bilionário Elon Musk que mudou radicalmente a orientação da rede, abrindo espaço para todas as correntes políticas sem uma mediação castradora.

Mas os “Idiotas da Objetividade”, outros personagens de Nélson Rodrigues, não entenderam que agora a liberdade de expressão é para todos. E por que os hegemônicos anteriores fogem agora do Twitter? Têm medo da liberdade? São perguntas que podem ser respondidas pela característica stalinista do grupo que reinou sozinho durante muito tempo.

E o espaço libertário nesta rede social, proposto por Musk, trouxe de volta muita gente que tinha se afastado por conta do totalitarismo vigente.  O Twitter mundial tem em torno de 300 milhões de usuários, não é uma grande rede – no Brasil são 18 milhões – em relação aos concorrentes.

Mas como disse o bilionário sul-africano tem um grande potencial de crescimento e monetização. Ele não colocou 44 bilhões de dólares só para liberar opiniões, mas para também ganhar dinheiro. Ele sabe que a liberdade de expressão é um ótimo produto.

Continuando com Nélson Rodrigues, o país vive outra situação em que os “Cretinos Fundamentais” estão em primeiro plano para confundir a sociedade brasileira e impor ilegalidades como legais fossem.

Veja o caso do indulto da Graça concedido pelo presidente Bolsonaro, de acordo com o que permite a Constituição Federal, ao deputado carioca Daniel Silveira por julgar que o STF cometeu uma injustiça ao condenar o parlamentar a 8 anos e 9 meses de prisão por um suposto crime de opinião, quando a mesma Constituição lhe garante a imunidade de quaisquer palavras, opiniões e votos.

A Suprema Corte silenciou e não quis apreciar o decreto presidencial de imediato. Articula derrubá-lo com o apoio dos juristas amestrados na mídia que vêm querendo fazer a cabeça dos brasileiros para outra ilegalidade.

No entanto, o jurista Modesto Carvalhosa, um dos mais conceituados no país e não alinhado a grupos políticos, entende que o julgamento do deputado pelo STF foi “algo inconcebível numa democracia. É uma corte vingativa”.

Para ele, o ato do presidente da República não pode ser objeto de revisão judicial. “É um regime medieval, inquisitorial que foi instaurado no Supremo Tribunal Federal a ponto de impedir que o réu assista o seu próprio julgamento, não existe isto.

Inúmeros atos de violência contra o Estado Democrático de Direito, contra o regime penal, contra as garantias individuais, contra a liberdade de opinião, contra a imunidade de representante do povo, eles simplesmente destroçaram todos os princípios que se podia imaginar, não sobra pedra sobre pedra. Eles fizeram um atentado contra o próprio Regime Democrático de Direito”.

Já o criminalista Alberto Zacharias Toron, um dos amigos amestrados do STF, disse em artigo no Estadão de ontem que o deputado “não foi condenado por mera verborragia. Ele atacou o STF e ameaçou os ministros. Atentou contra essa instituição democrática.

Com a Graça, a impunidade está garantida no crime contra os valores republicanos e a ordem democrática. Ora, esse objetivo é vedado pela ordem jurídica constitucional e está divorciado do interesse público. Submete-se, portanto, ao controle e à reprovação judicial. Trata-se da defesa da Constituição”.

O “Cretino Fundamental” Alberto Zacharias Toron acha que entende de Justiça. Num jantar com advogados para a apresentação do vira-casaca Geraldo Alckmin aos amigos e aliados do ex-presidente, ele inebriado presenteou Lula com uma beca, traje usado por advogados e afirmou que o petista representa a “Justiça na mais elevada concepção dessa palavra”. Pode isso, Arnaldo?

Nélson Rodrigues (1912-1980) há muito tempo nos deixou, mas seus personagens continuam vivos por aqui: o “Sobrenatural de Almeida”, os “Idiotas da Objetividade” e os “Cretinos Fundamentais”. É isso.

Por: Antonio Magalhães – Jornalista

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