Recife e Olinda são cidades pródigas em abrigar festas e shows memoráveis — ancorados por conceitos bem pensados, temáticas criativas e, claro, muita música. Mas nem sempre foi assim. Décadas atrás, foi preciso que algumas mentes inquietas desbravassem novas possibilidades. Uma delas é o empresário e produtor cultural Paulo Braz.
O paraibano radicado no Recife lança nesta quinta-feira (30), às 19h, a segunda edição do livro “Meu peito é feito de festa”, no Frege, localizado no Bairro do Recife. A inspiração para o nome da obra partiu de um trecho da letra de “Dança do Meu Lugar”, cantada pelo lendário sambista Agepê: “que sou feito de festa, por isso meu peito não deve sofrer”.
Nas 242 páginas de “Meu peito é feito de festa”, Paulo Braz retrata seus primeiros anos de vida na cidadezinha de Sumé, na Paraíba as primeiras baladas, as casas noturnas que abriu, Réveillons históricos, a ligação com o bloco Siri na Lata, as adversidades que apareceram durante a jornada e muito mais.
“O primeiro livro se esgotou rápido, foram 700 cópias em pouco tempo. Eu nem esperava essa repercussão toda”, relembra Paulo. “Agora senti que era o momento de revisitar a obra, com um novo olhar e contar também como nasceu o Frege – esse lugar que virou extensão do meu coração e da minha história com o Recife”. O resultado é uma versão ampliada do livro, que traz um capítulo inédito sobre a concepção, criação e construção do espaço.
SOBRE O FREGE
O Frege nasceu do sonho de continuar promovendo encontros, de manter viva a cultura da conversa boa, da música, da convivência. Esse livro é um reflexo disso — é sobre gente, sobre vida e sobre festa”, resume o produtor cultural. A nova edição de “Meu peito é feito de festa” tem o apoio do Instituto Darwin e patrocínio da Copergás.

HISTÓRIA
Nos anos 1980, Paulo Braz trabalhava no Banco Central e ainda não imaginava que seu destino estaria ligado à noite recifense. A mudança de rumo começou após uma viagem a Cuba. As suas festas, inspiradas pela música e cultura da pequena ilha, começaram de forma despretensiosa e logo se tornaram conhecidas, atraindo cada vez mais gente e despertando o interesse de quem queria levá-las para outros espaços.
Foi nesse contexto que surgiu a produtora Pé-de-Valsa, criada por ele em parceria com Rogério Robalinho. A partir daí, vieram outras festas e casas noturnas. As produções de Paulo Braz se destacavam por ir além da simples fórmula de palco e banda: eram eventos conceituais, realizados em espaços inusitados, como o Forte das Cinco Pontas e a Academia Pernambucana de Letras, entre muitos outros.
Essas iniciativas ajudaram a movimentar a vida cultural da capital pernambucana nos anos 1980. Em 1994, ele produziu o que seria considerado um dos mais animados réveillons da década, na Rua do Bom Jesus, com Chico Science & Nação Zumbi como atração principal — uma festa que entrou para a memória da cidade.
Dois anos depois, em 1996, inaugurou a casa noturna Calypso — nome que nada tinha a ver com a banda da ex-dupla Joelma e Chimbinha. O espaço, aberto em sociedade com dois parceiros, rapidamente se tornou um fenômeno de público. Entre 2005 e 2008, Braz criou a Cuba do Capibaribe, instalada no Paço Alfândega, no Bairro do Recife.
O projeto concretizava um desejo antigo, nascido ainda em 1986, quando visitou a ilha caribenha. O espaço tornou-se ponto de encontro de músicos e amantes da cultura latina. Por lá passaram artistas como a banda Capim Cubano, o saxofonista Leo Gandelman, o grupo cubano Los Jubilados e a Spok Frevo Orquestra.
Paulo Braz também já esteve à frente de casas e festas que marcaram época como o Frida Mexican Bar, Mercearia do Braz, Empório Bom Jesus, Theatro Lounge, O Réveillon do Boi Voador, Recife Caliente, entre outras.
SERVIÇO
- Lançamento da segunda edição do livro “Meu Peito é Feito de Festa”.
- Data: (30/10).
- Horário: 19h.
- Local: Frege – Avenida Rio Branco, 155 – Recife Antigo(Bairro do Recife), Avenida Rio Branco, 155.
- @meupeitoefeitodefesta .
Foto: Rafael Pavarott




