ANTONIO MAGALHÃES: “CRIAR O DIA DO NORDESTINO É A COISA QUE TODO NORDESTINO DEVERIA ODIAR”

Está dando o que falar o “Dia Fake do Nordestino” decretado em 2009 pela Prefeitura da Cidade de São Paulo. As repercussões abaixo agregam ao que já foi dito por muitas pessoas que enviaram mensagens sobre esta falsa homenagem dos paulistanos aos nordestinos. O diálogo está aberto.

VISÃO DE LONGE

Essas observações vêm do escritor Jonas Correia, brasileiro que vive em Newark, na Costa Leste dos Estados Unidos. Integrado a sociedade local, ele não se distancia das suas origens.

“Eu nem gosto do termo nordestino, somos a única região que recebe alcunha baseada na posição geográfica de onde viemos. Paulista, carioca, gaúcho e nordestino.

Me considero apenas pernambucano e vejo os outros estados do Nordeste com a mesma distinção que vejo os estados do Sudeste, Sul, Norte e Centro Oeste. Criar o Dia do Nordestino é a coisa que todo nordestino deveria ter aversão pelos seguintes motivos:

1- Nordestino virou um termo pejorativo e generalizado de chamar um povo que se distancia culturalmente e economicamente de SP.

2– Quando não chamados de “Baiano”, “Paraíba” ou “cabeça chata”, são chamados de “nordestino” em uma tentativa de nos classificar de maneira simplista, e com preconceito menos aparente.

3- Quando um nordestino acha legal comemorar o Dia do Nordestino, ele está apoiando o preconceito. Por que Dia do Nordestino? Somos alienígenas??? Viemos de um outro planeta?? Precisamos de um dia especial?

Quando terá o dia do sudestino? E do sulista? É como eu tivesse 5 filhos na minha casa e celebrasse o aniversário de apenas um deles.

Quando se fala dia do imigrante, ou de X colonização, ainda faz sentido. Pois eles vieram para acrescentar… mas o nordestino? Ele já não estava aqui na formação do Brasil??

Parece que o Brasil se formou no Rio e São Paulo e do nada chegaram os nordestinos, como alienígenas… ninguém nunca tinha visto tal criatura. Desde este dia o Brasil não foi mais o mesmo!

Aqui por exemplo, uma cidade com várias culturas (Newark) tem o dia de Portugal, os portugueses saem a celebrar sua cultura em um país estrangeiro. Em setembro, tem o Brazilian Day… ok, beleza… porque estamos no Exterior. Mas no Brasil, não faz sentido nenhum”.

DIFERENÇA NO TRABALHO

O engenheiro elétrico Flávio de Moura Coelho, hoje aposentado das funções da Companhia Hidrelétrica do São Francisco – Chesf vivenciou de perto a diferença de tratamento com o nordestino em outras regiões. Leia o depoimento:

“Pude sentir diversas vezes a discriminação de paulistas, cariocas e paranaenses com relação à engenharia praticada pelos nordestinos da Chesf!. O Sistema de Telecom da empresa era (e ainda é) bastante avançado (utilizando fibras ópticas internamente aos cabos para-raios das linhas de transmissão)!

Há mais de 30 anos já dispúnhamos de um sistema de videoconferência distribuída, telefonia móvel privada nas instalações, teles supervisão e telecontrole dos equipamentos de subestações e usinas, além de outras facilidades!

Ganhamos vários prêmios e reconhecimentos, convites para palestras no Brasil e exterior, além de atuarmos junto às Agências Reguladoras (ANEEL e ANATEL) como Diretor de Associação com sede no Rio de Janeiro!

Muitas amizades foram construídas, mas dificuldades e armadilhas também foram encontradas! Mas o saldo foi positivo e outros nordestinos do setor continuam se sobressaindo!

ORGULHO

Já o economista Tadeu Freire foi bem sintético na sua observação: “Sempre achei também ridículo este slogan: o “Orgulho de ser Nordestino”. Me cheira a vitimização, desnecessário”. É isso.

Por: Antonio Magalhães – Jornalista

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