Parte da fachada de um sobrado histórico localizado na Rua da Aurora, no Bairro da Boa Vista, Centro do Recife caiu neste final de semana. Por sorte, não houve vítimas.
A situação poderia ter sido diferente já que o prédio colecionava autuações por risco em sua estrutura há pelo menos 10 anos. Na manhã desta segunda-feira (21), a reportagem do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC) visitou o local, que ainda tinha blocos de concreto espalhados pela calçada. A área foi isolada por faixas e cones de segurança.
A falta de manutenção é evidente a olho nu. No topo do prédio, uma árvore frondosa chegou a crescer. Suas raízes se infiltraram na fachada do terceiro ao primeiro andar – de onde o reboco caiu.
As irregularidades do imóvel se confirmam também nos registros da Defesa Civil do Recife. O proprietário vem sendo notificado desde 2010 por problemas no revestimento da fachada. Até hoje, contudo, o caso está na Justiça aguardando recursos.
Em 6 de junho deste ano, uma nova autuação foi emitida pelo poder público por “não conservar o imóvel dentro dos padrões de habitabilidade e segurança”. No mesmo mês, outra parte do revestimento desabou. Nos registros da Prefeitura Cidade do Recife – PCR, o edifício consta como posse da empresa Grande Recife Medicamentos LTDA, que faliu em dezembro de 2020.

Em nota, a Secretaria Executiva de Controle Urbano do Recife confirmou que o imóvel “tem procedimento administrativo instaurado contra os proprietários por mau estado de conservação e falta de intervenções necessárias para a segurança da edificação”.
Ainda, afirmou que o processo seguirá para a Justiça já que não houve manifestação por parte deles. Já a Defesa Civil fez vistoria no local nesta segunda e elaborou relatório recomendando que “os responsáveis pelos imóveis coloquem bandeja e tela para reduzir o risco aos pedestres. A área deverá ser tapumada”, afirmou.
Com esse, doze prédios da Rua da Aurora, cartão postal da capital pernambucana, têm algum grau de risco estrutural, como mostram os registros feitos pela Prefeitura do Recife. Um exemplo é o prédio ao lado, cuja estrutura no topo está solta. Em outro sobrado, o mato tomou conta da fachada.
Autuações feitas desde 2001 se arrastam na Justiça enquanto os pedestres correm risco sem nem saber, já que as calçadas desses edifícios sequer estão isoladas ou possuem algum aviso. Um entre os que estão na lista, o Edifício São Cristóvão, vitimou uma idosa de 60 anos em fevereiro de 2021, quando caminhava pela calçada e uma pedra caiu sobre sua cabeça. Ela morreu no local.
Fotos: Bruno Campos/JC