O grupo Afoxé Alafin Oyó e a Troça Carnavalesca Pitombeira dos Quatro Cantos – dois importantes baluartes da cultura e das tradições de Olinda foram homenageados na última quinta-feira (10), com o título Patrimônios Vivos de Pernambuco.
A importante honraria valoriza o papel fundamental dos segmentos nas memórias populares da terra, tendo seus ritos e saberes difundidos não apenas na Marim dos Caetés, mas em todo Estado.
A eleição é promovida pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPCPE), com a cerimônia de oficialização programada para o próximo dia 17 deste mês. O encontro acontece nas comemorações do Dia Nacional do Patrimônio Histórico, durante a 16ª Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco.
Nesta edição, outras oito agremiações foram escolhidas. Com os novos nomes, a unidade federativa passa a contar com 85 Patrimônios Vivos registrados, oriundos de diferentes regiões. Para a Secretaria de Patrimônio, Cultura e Turismo de Olinda -Sepactur, a iniciativa representa a pavimentação de um caminho de fomento à representatividade e um incentivo à manutenção das mais relevantes práticas.
“Olinda recebe hoje esta grande notícia, reconhecendo duas grandes potências da nossa cultura. É realmente um motivo para celebrar e comemorar”, destacou o prefeito, professor Lupércio.
Fundado em 1986, o grupo Afoxé Alafin Oyó, com sede no tradicional corredor da Rua do Sol, no Carmo, assinala 37 anos de militância e resistência negra. Segundo seus organizadores, a entidade foi concebida com o objetivo de unir pessoas de várias camadas sociais, moradores de diferentes lugares, praticantes e não praticantes do candomblé.
A ideia, que permanece até hoje, é de consolidar uma manifestação para além do período carnavalesco, ao som dos atabaques, agogôs e outros instrumentos, mas firme na luta por suas identidades e contra o preconceito e a discriminação racial.
“Este reconhecimento é motivo de alegria para nós, pois leva em conta a expressão e a linguagem da diáspora africana, algo que vai muito além de um território. Nós travamos uma extensa luta para materializar o afoxé como uma cultura da população negra em louvação aos orixás, algo que solidifica a nossa expressão”.

Para além de incentivos financeiros, o que também é válido, mas sim um grande motivo de orgulho para todos os pernambucanos”, destaca o presidente da entidade, Fabiano Santos. Segundo ele, as comemorações pelo título já devem ter início no próximo sábado (12), com um festival de música, a partir das 19h, na sede do movimento.
Com a marca dos 76 anos, a prestigiadíssima Pitombeira dos Quatro Cantos nasceu do improviso de amigos, mas se firmou no coração e no imaginário dos foliões, de maneira atemporal. Instalada na Rua 27 de Janeiro, no Sítio Histórico da cidade, a casa matriz é atração não apenas para vizinhos e conterrâneos, mas para os milhares de turistas que aportam no território olindense.
“As páginas da sua idealização marcam que, durante a folia de Carnaval, um grupo de rapazes que moravam nos bairros do Amparo e Quatro Cantos decidiu sair às ruas, carregando galhos com pitombas e compondo músicas”.
Mais tarde, com as cores amarelo e preto, lançaram às ruas fantasias de extrema beleza, percorrendo as ladeiras com seus passistas e muita irreverência. Na letra de seu clássico hino, um retrato de sua consolidação no calendário da festa, com o trecho: “se a turma não saísse, não havia Carnaval”.
Para o presidente da troça, Hermes Neto, o sentimento é de gratidão. “A sensação é de que a Pitombeira agora torna-se imortal, ao lado dos foliões, orquestras, passistas e todos os fazedores de cultura. Ainda estamos tomados pela emoção, sendo um ganho para o frevo e para toda a nossa história”.
“Abrimos as portas e tornamos esse ritmo algo para o ano todo e não apenas durante a temporada de Carnaval. Este incentivo, mesmo se tratando de uma pequena receita, vai nos ajudar também com a manutenção de nosso espaço e a continuidade dos trabalhos sociais que realizamos. O reconhecimento vem para fortalecer nosso legado para as futuras gerações”, destacou.
INCENTIVO
A Lei Estadual 12.196, de 2002, instituiu a concessão do título de Patrimônio Vivo do Estado Pernambuco (RPV-PE), que prevê o pagamento de uma pensão vitalícia para os mestres e ou grupos culturais, selecionados por meio de edital público, lançado anualmente. Atualmente, para pessoa física, a bolsa é de R$ 2.041,53 e para pessoa jurídica, R$ 4.083,10.
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