Vereador de Caruaru, no Agreste pernambucano, Val lima (PSL) afirmou durante uma plenária na Câmara de Vereadores, na última quinta-feira que “nunca viu discriminação de pessoas de pele escura”.
O político ressaltou em discurso sobre o assunto, na Tribuna da Casa Legislativa, que foi procurado por uma amiga negra que teria pedido para ele fazer algo contra o discurso de que negros sofrem racismo.
“Eu não tenho visto essa questão de discriminação. Tenho visto pessoas querendo tirar proveito. Eu convivo com pessoas negras todos os dias, inclusive a família da minha mulher ‘são’ pessoas de pele escura e eu não percebo, não vejo essas coisas na rua, não vejo em lugar nenhum”, disse.
Na ocasião, pegando carona no assunto, o também vereador Galego de Lajes (MDB) pediu a palavra para complementar a fala do colega. Além de concordar com Val Lima, Galego afirmou que a população LGBTQIA+ morre mais, por está envolvida com crimes.
“Matam-se muitos gays e travestis, ‘tal’, o pessoal aí. Morrem, realmente! Claro que há discriminação e a gente tem consciência disso, mas a grande maioria dos assassinatos dessas pessoas, também é porque elas são envolvidas com crime, com a criminalidade”, afirmou.
O Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais no mundo, segundo a Trans Murder Monitoring (Observatório de Assassinatos Trans, em inglês). De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), a cada 19 horas, uma pessoa LGBTQIA é morta em território brasileiro. Já os negros têm mais do que o dobro de chance de serem assassinados, de acordo com o Atlas da Violência de 2021. O grupo representa 77% das vítimas de homicídio no País.
O debate dos vereadores ocorreu em meio a uma discussão sobre Direitos Humanos e o mês em que é celebrado o Dia da Consciência Negra. A Subseção de Caruaru da ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiu uma nota em que repúdia a fala dos vereadores.
“A afirmação de que a população LGBTQIA é morta por envolvimento com a criminalidade, além de ser preconceituosa, minimiza a homofobia e transfobia, que infelizmente é uma realidade no nosso País”, diz a nota.
“Os povos de Terreiros de Caruaru também emitiram uma nota repudiando as afirmações.”Mostraram total descaso e agressão quanto a luta pela igualdade racial, pela igualdade de gênero, pelos Direitos Humanos e pelas pessoas que promovem”.
Foto Vladimir Barreto.