A FIFA MANDA MAIS QUE A ONU

Dedico este artigo ao meu colega o poeta português Fernando Pessoa, autor da descoberta de que todas as cartas de amor são ridículas, não seriam cartas de amor se não fossem ridículas

MONTANHAS DA JAQUEIRA – A FIFA manda mais que a ONU no mundo. Manda mais que a Organização dos Estados Americanos (OEA), mais que o Fundo Monetário Internacional (FMI), que o BID, Banco Mundial, UNICEF, UNESCO, FAO, OIT, OIC, OPAS. Haja sinecuras. A Organização das Nações Unidas (ONU) congrega atualmente 193 Estados-membros.

Movida a bilhões de dólares dos Estados-membros, para que serve a ONU? “Promover a cooperação internacional e a paz mundial, zelar pelos direitos humanos, trabalhar em prol da autodeterminação dos povos e o bem-estar social no mundo”. Blábláblá. Lero-lero. Patati, patatá.

Faltou combinar com os senhores das guerras filhos de Caim, com os russos de Putin portadores de mísseis, com os tiranos e genocidas que aterrorizam a humanidade adâmica. A Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU é tão realista quando a poesia de Zé Limeira, o poeta do absurdo, criação magistral do saudoso amigo Orlando Tejo.

Pequeno País com 11,5 mil km quadrados, menos que Sergipe (21.9 mil km quadrados)  e uma população de 3 milhões de habitantes, o Katar ostenta um PIB de 800 bilhões de dólares. O que fazer com tanta riqueza? O Katar comprou a copa de futebol. Investiram 200 bilhões de dólares na construção de estádios, infraestrutura e operações heterodoxas tipo propinas e suborno. Na Europa está sendo chamada de “a copa da vergonha”.

Da população de 3 milhões, apenas 350 mil são Katarinos e Katarinas da gema do ovo. Os demais são imigrantes oriundos da Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal. Os nativos desfrutam do bom e do melhor. Os imigrantes sobrevivem em regime de servidão. O que dirão a ONU e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). No Katar não tem disso não.

Dezembro de 1964, Che Guevara, amante do comunismo, fez uma declaração de amor à ditadura de Fidel Castro em Cuba na tribuna da ONU: “Pátria ou Muerte!”. “Hay que fuzilar los maricones (gays) e camponeses reacionários, pero sem perder la ternura jamais”.

Os discursos feitos no plenário da ONU por samaritanos ou fariseus, são cartas de amor à humanidade, verdadeiras ou pelo avesso. Mas, o bem-aventurado Fernando Pessoa revelou que “todas as cartas de amor são ridículas, não seriam cartas de amor se não fossem ridículas”. Taí o professor José Paulo Cavalcanti Filho, doutor na poesia e na pessoa de Fernando, que não me deixa mentir.

Nos tempos do santo homem Noé, quando as águas do dilúvio serenaram, o Criador desenhou um arco-íris no céu para simbolizar a fraternidade entre os seres humanos. Hoje o arco-íris é censurado no Katar, assim na terra como no céu, por ser considerado símbolo do movimento gay.

Os Katarinos e as Katarinas fazem amor por telepatia, à moda de Rita Lee. Se um cara der um beijo na namorada em praça pública, será censurado, desmonetizado e preso por manifestação antidemocrática de atentado ao pudor.

Por: José Adalbertovsky Ribeiro Periodista e escritor

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