A montadora americana Ford noticiou nesta-segunda-feira (11) uma notícia muito ruim para a economia brasileira. A automobilística anunciou o fim da história de um século de produção de carros no Brasil. A empresa que, já tinha encerrado, em 2019, a produção em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, oficializou que vai fechar este ano, as demais fábricas no País.
O encerramento da produção atinge os polos de Camaçari (BA), onde produz os modelos de automóveis Eco Sport e Ka; em Taubaté, Estado de São Paulo, que fabrica motores e em Horizonte, no Ceará, onde são montados os jipes da marca Troller. Serão mantidos no País, a sede administrativa da montadora na América do Sul, em São Paulo, o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia e o campo de provas de Tatuí (SP).
Na tomada de decisão, pesou uma série de fatores na busca da empresa pela lucratividade no País. Confira os cinco motivos que fizeram a Ford, após mais de um século de presença no mercado brasileiro, optar por deixar de ser fabricante e se tornar uma importadora.
CUSTO BRASIL
A alta e complexa carga tributária e os custos de logística contribuíram de forma expressiva para a decisão da Ford, que preferiu focar seus investimentos em produção de veículos em outros países – como a China, de onde atualmente importa o SUV Territory.
“Isso, “o fechamento das fábricas da Ford” corrobora o que a entidade vem alertando há mais de um ano sobre a ociosidade local e global e, a falta de medidas que reduzam o Custo Brasil”, pontuou a associação em nota enviada à imprensa.
O câmbio desfavorável em relação ao real foi outro ingrediente decisivo para bater o martelo em relação ao fechamento das linhas de produção da Ford no País, combinado com outros fatores. Mesmo insumos estratégicos comprados em território nacional, como o aço, são cotados em dólar. Além disso, o percentual de componentes importados em automóveis produzidos localmente é elevado, em torno de 40%, aumentando o custo de produção e reduzindo o lucro de acordo com a flutuação da moeda norte-americana.
REESTRUTURAÇÃO GLOBAL
O fim da produção local de veículos da Ford no Brasil não é um caso isolado e faz parte de todo um processo de reestruturação mundial da empresa para reduzir custos e aumentar a lucratividade – algo que outras gigantes do setor automotivo têm buscado por meio de fusões, como é o caso de FCA e PSA, que se uniram para fundar a Stellantis.
Sem contar com uma parceira para atingir esses objetivos, o caminho encontrado pela Ford para sobreviver e voltar a crescer foi cortar na própria carne, o que inclui fechamento de fábricas não apenas no Brasil, como também, até nos Estados Unidos. A busca por lucratividade incluiu o fim da oferta de carros de passeio nos EUA, com exceção do Mustang para focar SUVs, picapes e utilitários.
CONECTIVIDADE
A regra vale para outros mercados como o nosso, onde a Ford produzia apenas compactos como Ka, Ka Sedan e Eco Sport – produzir localmente modelos mais caros seria inviável no Brasil. Ao anunciar o fechamento de todas suas fábricas no País, a Ford enfatizou que seus futuros veículos vão cada vez mais rumar em direção à conectividade e à eletrificação, um caminho inevitável para todas as grandes montadoras.
Investir na produção brasileira de automóveis com maior conteúdo tecnológico seria excessivamente custoso, da mesma forma que SUVs e picapes. No comunicado, a montadora deixou claro que passará a oferecer produtos com “maior valor agregado”, em detrimento dos compactos que vinha produzindo aqui.