A greve dos rodoviários iniciada nas primeiras horas desta terça-feira (22), deixou ruas e avenidas do Recife e da Região Metropolitana praticamente vazias. Um pequeno número de coletivo ainda circulou nas vias (cerca de 24% do total da frota), segundo o último balanço do Grande Recife Consórcio de Transporte.
O fim da dupla função exercida por motoristas é uma das principais reivindicações dos rodoviários. Eles afirmam que a paralisação acontecerá por tempo indeterminado. Ao longo da semana, o Grande Recife comunicou que ficaria atento ao cumprimento de 70% da frota mínima estabelecida para os dias de paralisação, nos horários de pico (5h às 9h), pela manhã, e 16h às 20h – tarde e noite – o que equivale a 1.695 ônibus em circulação.
Além do funcionamento de pelo menos 50% da frota nos demais horários, equivalente a circulação de 1.211 ônibus. Segundo a Urbana-PE, até às 6h desta terça, 16,3% era a frota em circulação. Uma hora e meia depois, às 7h30, o Grande Recife informou que esse percentual subiu para 24%. “A expectativa do Consórcio é que mais ônibus estejam na rua”, disse o GRCT através da assessoria de imprensa.
No entanto, o presidente do Sindicato dos Rodoviários do Recife e da RMR, Aldo Lima, já havia indicado que a categoria não se atentaria ao cumprimento de qualquer percentual mínimo e, após várias tentativas, os profissionais só estariam abertos a dialogar com a classe patronal, após o início da greve. A Urbana-PE, sindicato que representa os empresários, reiterou em nota, “que considera a paralisação ilegal e injustificada”.
A readmissão de cobradores às empresas que oferecem o serviço de transporte público, o cumprimento do pagamento do retroativo de julho a dezembro, estabilidade de emprego de seis meses, além do fim da dupla função exercida por motoristas – que atualmente precisam receber o dinheiro, passar troco e conduzir o veículo – são algumas das reivindicações dos rodoviários. Atualmente, cerca de 2.500 motoristas exercem também a função de cobrador nos ônibus que circulam no Recife e na Região Metropolitana.
NOTA DA URBANA-PE NA ÍNTEGRA
” A Urbana-PE informa que mais uma vez o Sindicato dos Rodoviários prejudica a população e economia local com uma paralisação ilegal e injustificada do serviço de transporte público por ônibus. A frota mínima determinada pelo Grande Recife Consórcio de Transporte e garantida por lei não está sendo cumprida pelos rodoviários. Às 06h desta terça-feira (22), apenas 16,3% da frota estava em operação.
Em entrevistas concedidas pelo Sindicato dos Rodoviários ao longo da semana, o presidente do sindicato já havia ameaçado não respeitar o percentual mínimo de frota estabelecido pelo poder concedente, demonstrando falta de respeito com a população e abuso do direito de greve. Reiteramos que foi suspensa, na última sexta-feira (18), a portaria 167/2020 do Grande Recife Consórcio de Transporte, que vedava o acúmulo de funções de motorista e cobrador nos ônibus.
A medida deixa ainda mais evidente que a greve é ilegal e injustificada, uma vez que a principal exigência do Sindicato dos Rodoviários é a aplicação da referida portaria. Assim como a portaria, também está suspensa a Lei Municipal 18.761/2020 que a motivou, em decorrência de uma decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco e do entendimento da Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco de que a lei é inconstitucional e não se aplica ao sistema metropolitano de transporte.
Reafirmamos que a Urbana-PE e as suas associadas estão cumprindo integralmente o acordo referente ao dissídio coletivo da categoria. A Urbana-PE assegura que está tomando as medidas judiciais cabíveis e que não medirá esforços para restabelecer o serviço. As empresas possuem bancos de cadastro de funcionários e irão avaliar ao longo do dia a necessidade de contratação de motoristas para garantir a operação da frota determinada pelo poder público.
A população e a economia locais não podem continuar sendo penalizadas, especialmente no contexto complexo em que nos encontramos, em plena crise sanitária e às vésperas das festividades de final de ano”.
