Em mais uma descoberta, pesquisadores do Museu de Arqueologia e Ciências Naturais da Universidade Católica de Pernambuco, conseguiram identificar a aparência dos antigos habitantes das terras pernambucanas. O instituto divulgou a reconstrução do rosto de uma mulher indígena, que viveu há 2 mil anos no Sítio Furna do Estrago, no Município de Brejo da Madre de Deus, Agreste do Estado. A reconstrução foi possível através da análise do crânio, realizada nos restos mortais mais antigos encontrados em Pernambuco, e o primeiro do sexo feminino.
De acordo com a pesquisa, os vestígios arqueológicos e bioarqueológicos realizados no local foram resgatados em escavações ocorridas nos anos de 1982, 1983, 1987 e 1994, pela arqueóloga, Jeannette Maria Dias de Lima. O sítio, segundo os pesquisadores, apresentou uma estratigrafia – ramo da geologia que estuda os processos que formam as rochas – composta por cinzas de fogueiras e elementos orgânicos. O Sítio de Furna do Estrago, segundo a pesquisa, possui sucessivas ocupações indígenas há 11 mil anos.
“Estamos tentando dar rostos a uma população. Iniciamos com um flautista com idade entre 45 e 50 anos, da mesma comunidade que a mulher, em seguida analisamos a estrutura da indígena, que teria sido datada através do estudo da dentição como uma criança de 12 anos. Em seguida, analisando outras estruturas descobrimos que a mulher tem idade entre os 15 e 18 anos”, revelou Roberta Richard Pinto, coordenadora do Museu. Para a reconstrução, foi utilizado um programa de computador em terceira dimensão (3D), que definiu a espessura da pele e a posição do músculo. Através das projeções também foi possível desenhar o nariz, os lábios e a posição da orelha.
“Nós conseguimos identificar algumas anomalias genéticas que são fruto da relação entre parentes. Aparentemente era uma população mais isolada, caçadores e coletores nômades”, explica a coordenadora. Além das estruturas físicas, traços culturais também foram identificados durante a pesquisa. ” Nós descobrimos também, que essa população não era ceramista como outros. Eles utilizavam técnicas funerárias diferentes. Essas técnicas eram voltadas para a construção de redes, que tinham um trançado único e cestos utilizados para enterrar os corpos. As pessoas eram enterradas com todos os seus pertences pessoais, em um abrigo sobre as rochas”, informou Roberta Richard.