PREFEITOS SINALIZAM QUE VÃO AUTORIZAR REAJUSTE DE PASSAGEM DE ÔNIBUS, EM JANEIRO

Prefeitos de capitais e de grandes cidades do interior avisaram ao Palácio do Planalto que uma bomba está prestes a explodir: as passagens de ônibus urbanos podem subir até 11%, a partir de janeiro para recompor as perdas com a inflação e reduzir o rombo no caixa das empresas e das prefeituras.

Com a disparada dos preços do diesel, de mais de 66% nos últimos 12 meses, e sem reajustes das passagens há dois anos por causa da pandemia de Covid-19, a alegação dos gestores municipais é a de que não há como as prefeituras subsidiarem o transporte público e evitar a quebradeira de empresas.

Diante da alta do desemprego e da queda na renda, os passageiros também não têm como assumir esse custo extra. A situação é tão dramática que uma comitiva de prefeitos esteve em Brasília na última semana tentando convencer o governo e o Congresso, à criarem um mecanismo para o financiamento das tarifas ou de desoneração do diesel, que representa 20% dos custos das empresas de ônibus.


“Se não tiver alguma medida para aliviar os custos, haverá aumento de tarifa agora, para todas as cidades. Seria muito doloroso para a população mais carente, que ainda está vivendo os efeitos da pandemia”, disse, na ocasião, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). São Paulo e Distrito Federal bancam a maior parte do valor das passagens.

SOB PRESSÃO

No que depender das companhias de transporte, o aumento das passagens de ônibus poderá ser ainda maior. Levantamento feito pela Associação Nacional de Empresas de Transportes Urbanos – NTU) mostra que o reajuste necessário para minimizar os estragos no caixa do setor é de 50%, ou seja, de R$ 2.

Com isso, a tarifa média no País saltaria de R$ 4,04, atualmente, para R$ 6,04. O mesmo estudo aponta que, para evitar aumento nessa magnitude, garantir o reequilíbrio dos contratos de concessão e manter o sistema de transporte ativo nas cidades, o poder público terá que desembolsar R$ 1,7 bilhão por mês às empresas.

“Esses são os recursos necessários para custear um dos serviços públicos mais relevantes para toda a sociedade”, diz a NUT, em nota.

Ano passado, Bolsonaro vetou uma ajuda de R$ 4 bilhões ao setor, o que contribuiu para agravar ainda mais o desequilíbrio financeiro das empresas. Auxiliares do presidente admitem que o quadro é dramático e não haverá saída fácil. Se houver o tarifaço dos ônibus, a inflação, que já está acima de 10% ao ano, subirá ainda mais, com impactos na economia e na política num ano de eleições.

Prefeito de Aracajú e presidente da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), Edvaldo Nogueira (PDT), afirmou, na passagem por Brasília, que não há ainda uma definição sobre o tamanho do aumento no valor das passagens de ônibus, mas admitiu que, sem a ajuda do Governo Federal, será necessário, no mínimo, recompor a inflação, que está na casa dos 11%, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

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