Enquanto grupos mais politizados perdem tempo discutindo se as mulheres podem ou não podem fazer o aborto após a 22ª semana de gestação, os banqueiros, abrigados na Febraban – entidade que representa os bancos – tomam conta da gestão econômica do País. Hoje, convocaram o ministro Fernando Haddad – quem deveria estar à frente da economia nacional – para declarar o apoio institucional ao suposto gestor governamental.
Depois do encontro desta sexta-feira (14) em meio a preocupações no mercado financeiro sobre a força do titular da pasta em levar adiante a agenda de ajuste das contas públicas, o presidente da Febraban, Isaac Sidney, deu uma declaração à imprensa na qual ressaltou o compromisso do ministro em perseguir o equilíbrio fiscal, considerado como o único caminho para o país crescer de forma sustentável e com juros mais baixos.
A diretriz foi dada a Haddad, que antes de assumir o ministério da Fazenda, tinha pouca familiaridade com o setor, facilitando sua manipulação por forças do mercado. Hoje, o ministro atende mais os interesses dos banqueiros – que tiveram lucros estupendos em 2023 – do que os dos brasileiros.
A monitoração é de perto: o encontro de hoje foi o quarto de uma série de reuniões periódicas realizadas entre banqueiros do setor privado e o ministro da Fazenda desde o ano passado para tratar da conjuntura econômica.
Ao longo de 2024, as famílias de renda muito baixa têm sentido mais o peso da inflação que os lares de renda alta. De janeiro a maio, a inflação para lares com renda mensal menor que R$ 2.105,99 foi de 2,57%, enquanto a inflação de todas as faixas de renda ficou em 2,27%. Na outra ponta, famílias de renda alta, ou seja, orçamento maior que R$ 21.059,92, experimentam aumento nos preços de 1,9% em 2024.
Os grupos familiares de renda baixa (entre R$ 2.105,99 e R$ 3.158,99) e média baixa (de R$ 3.158,99 e R$ 5.264,99) também vivenciam em 2024 inflação maior que o índice médio: 2,50% e 2,35%, respectivamente. Lares de renda média (de R$ 5.264,98 e R$ 10.529,96) sentiram impactos de aumentos de preços levemente abaixo da inflação oficial, 2,25%. Os dados são do IPEA e foram divulgados hoje.
GOLPE NOS APOSENTADOS DE BAIXA RENDA
O governo federal estuda a desindexação do piso do benefício dos gastos previdenciários. Embora possa aliviar, segundo economistas, o aperto no orçamento, a desvinculação das despesas previdenciárias ao salário mínimo pode ser contestada e derrubada na Justiça.
Eles avaliam que o mais simples e viável politicamente seria Lula encaminhar uma medida provisória (MP) ao Congresso para que os gastos previdenciários passem a ser indexados apenas ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) a partir de 2026. Olho nisso, pessoal!
Por: Antonio Magalhães – Diretor de redação de O Poder