Presidente Lula voltou a atribuir a alta do dólar a uma “especulação contra o real”, após a moeda americana fechar a segunda-feira (01), a R$ 5,65, maior cotação desde 10 de janeiro de 2022.
Em entrevista nesta terça-feira (02) à Rádio Sociedade, em Salvador (BA), ele disse que “não é normal o que está acontecendo” e anunciou que fará reunião amanhã, em Brasília, para agir em relação à suposta especulação contra o real, que seria responsável pela alta no dólar. Depois da fala do presidente, hoje o dólar chegou a R$ 5,70.
O desempenho do câmbio tem sido um reflexo do discurso adotado por Lula nas últimas semanas. Só no período de um mês, o dólar subiu 7,32% – em 2024, a alta é de 16,11%. No início de junho, a moeda estava cotada em R$ 5,23 e foi escalando a cada fala de Lula sobre Roberto Campos Neto, autonomia do Banco Central e contra os cortes nos gastos públicos.
O discurso mais voltado ao intervencionismo não agradou os investidores, que ainda têm de lidar com incertezas externas como a taxa de juros dos Estados Unidos. A alta do câmbio é apenas um dos efeitos imediatos dessa estratégia do presidente, que pode chegar rapidamente à economia real, desorganizando o planejamento das empresas e pressionado à inflação.
O resultado seria o contrário do que Lula tanto deseja, que é a queda na taxa de juros. O governo não pretende reduzir o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre o câmbio para segurar a alta do dólar, disse hoje, em Brasília, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Ele afirmou que uma comunicação melhor sobre o arcabouço fiscal e a autonomia do Banco Central (BC) significa a principal ação necessária para conter a desvalorização do real. “Não sei de onde saiu esse rumor [do IOF]”, disse.
Por Antonio Magalhães – Diretor de redação de O Poder