Comissão Permanente de Igualdade Racial e Enfrentamento ao Racismo realizou a sua primeira reunião solene nesta quarta-feira (24) para homenagear o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro.
“É com grande alegria que comemoramos esta data no plenário da Casa de José Mariano. Quem me acompanha sabe que a pauta do enfrentamento ao racismo é basilar na minha história e atuação política”.
Assumi com a população do Recife o compromisso de trabalhar em prol da equidade racial por acreditar, inclusive, que a persistência ao racismo impede que tenhamos uma real democracia”, afirmou a vereadora Dani Portela, que comandou a solenidade e que também é presidente do colegiado.
Os vereadores componentes da Comissão, Luiz Eustáquio (PSB) e Rinaldo Junior (PSB), estiveram presentes e compuseram a mesa solene, ao lado da pesquisadora, fundadora do Movimento Negro do Recife, mestra em serviço social e escritora Inaldete Pinheiro. Ela foi a representante dos homenageados do Dia da Consciência Negra.
“Em fevereiro, quando propusemos a criação da Comissão aqui na Câmara, a nossa proposta era de que esta Casa tratasse do racismo de forma efetiva, com leis que de fato promovam mudança na vida das pessoas”, afirmou Dani Portela.
Ela acrescentou que vem travando essa luta contra o racismo, inclusive, no Parlamento onde tem se movimentado na busca da garantia de vida da população negra. “E é nessa busca pela garantia da vida que o movimento negro vem ao longo dos anos travando embates contra projetos políticos de genocídio do nosso povo”.
A Vereadora lembrou que no último sábado, esteve junto com o Movimento Negro nas ruas do Recife reafirmando as lutas na Marcha da Consciência Negra de Pernambuco. E que o lema da manifestação foi: “O povo negro resistente ao genocídio: antes, durante e depois da pandemia”.
Dani Portela disse ainda que, “a vida do povo negro continua sendo tratada de forma descartável, ou como dizia a cantora Elza Soares, em 1988, ‘a carne mais barata do mercado é a carne negra’, frase ainda atual quando olhamos para a cor da miséria do nosso País. Quando olhamos para a cor dos que são vítimas das balas perdias, da violência policial, e de tantas outras desigualdades que afetam nossas vidas”.
O vereador Luiz Eustáquio disse que o Recife e a Câmara Municipal são vanguardas na sociedade brasileira e, em sua opinião, mais uma vez deu provas disso, ao criar a Comissão Permanente de Igualdade Racial.
“Neste importante momento, ao realizar esta solenidade, fazemos jus ao nome do patrono desta Casa, José Mariano, que foi um abolicionista”. Luiz Eustáquio lembrou que o Recife é uma cidade com 56% de sua população composta de pretos e pardos e que, com a criação da Comissão, ajuda a visibilizar a luta de um povo, e de superar o racismo.
Ele disse ainda que a Comissão Permanente está lutando pelo direito do povo negro e, em seguida, fez referências à escritora Inaldete Pinheiro, que foi a homenageada.
“Eu a conheço desde pequeno, é uma mulher de luta. Ela é amiga do meu pai e sempre a conheci lutando pelo povo negro. É uma estudiosa, um símbolo para a nossa história”. O pai do vereador, que também tem histórico no Movimento Negro de Pernambuco, é o procurador federal aposentado Edvaldo Ramos.
Rinaldo Junior que, além de fazer parte da Comissão, é autor do Projeto de Lei ordinária – (PLO número 352/2021, que institui no Calendário Oficial do Município da Cidade do Recife, o dia 20 de novembro como o Dia Municipal da Consciência Negra.
“Este é um momento importante para a Câmara Municipal do Recife que, de forma pioneira, constituiu uma Comissão para tratar do racismo estrutural e institucional. É importante também porque, nesta primeira reunião solene, a Comissão já homenageia o nome de uma mulher que é símbolo da luta antirracista”.
O Vereador lembrou que através da reunião solene estava-se fazendo uma justa homenagem “ao movimento negro” e destacou o nome de Inaldete Pinheiro, como “significado de luta e resistência, além de ser uma das principais referências da luta antirracista”.
Inaldete Pinheiro de Andrade nasceu em 1946 na cidade de Parnamirim-RN e veio para o Recife aos 20 anos de idade. Graduada em Enfermagem e com mestrado em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco, ela tem vasta contribuição para a luta contra o racismo e desigualdades sociais.
Inaldete Pinheiro já recebeu o Título de Cidadã Pernambucana e também o de Cidadã do Recife. Ela se destacou por ter sido uma das fundadoras do Movimento Negro em Pernambuco e ser uma ativista em prol da valorização da cultura negra.
Tem uma vasta produção bibliográfica que contribui para o ensino da história e das culturas afro-brasileiras e africanas. É, ainda, pesquisadora, e uma das mais importantes escritoras negras de Pernambuco e sua produção é composta por uma série de livros, inclusive infanto-juvenis.